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Bailarina Ana Clara Poltronieri homenageia sua irmã Magó, vítima de feminicídio, no espetáculo Amana, que faz sessão única no Centro Cultural Olido

  • Foto do escritor: Brasil Cotidiano
    Brasil Cotidiano
  • 11 de mar.
  • 4 min de leitura

Ana Clara Poltronieri venceu, em 2024, o Prêmio Denilto Gomes da Cooperativa Paulista de Dança por sua interpretação no espetáculo. Antes, recebeu o Prêmio do Instituto de Arquitetos do Brasil - Seção Paraná, na categoria Cultura Arquitetônica, pelo cenário com mais de 70 potes de vidro com água.

Crédito da foto:Divulgação
Crédito da foto:Divulgação

O espetáculo de dança Amana terá apresentação única no dia 22 de março, sábado, 19h , no Centro Cultural Olido ( Avenida São João , 473, Centro - São Paulo ), com entrada gratuita. A direção é de Tânia Farias , que divide a dramaturgia com Ana Clara Poltronieri . Ana Clara também é intérprete da obra, que tem coreografia assinada por ela e por Maria Glória Poltronieri Borges , a Magó, bailarina e capoeirista que foi vítima de feminicídio em 2020, após sair para acampar em uma chácara, no Paraná.


Em tupi, Amana significa “água que cai do céu”. A água, elemento esse feminino, conduz o caminho deste rito que evoca a história de duas irmãs separadas por uma tragédia. O momento presente e a memória se misturam em cena para contar lembranças amorosas, a luta e o luto. A narrativa foi construída com movimento, palavra e depoimento, revelando um corpo pulsante e memorioso.


O espetáculo é um manifesto contra a barbárie do machismo e da misoginia, trazendo a água como elemento central dessa narrativa. As águas são corpos de mulheres, são o sangue vivo e pulsante da artista, o fluxo aquoso da memória em vigília e denúncia, potente e delicado. É através das águas que um caleidoscópio se apresenta ao público para evidenciar que, por trás das estatísticas, há histórias, tramas de afetos e subjetividades. Amana é também um desejo: que, assim como nunca entremos duas vezes no mesmo rio, em constante movimento, possamos deixar para as próximas gerações um mundo onde nenhuma mulher seja obrigada a se acostumar com o medo e a violência.


Formalmente, o espetáculo atravessa fronteiras e se constrói em cruzamentos fluidos entre linguagens: performance, dança, teatro, audiovisual e artes visuais. Ao narrar a história das irmãs Magó e Ana Clara, Amana firma seu compromisso de seguir para muitos lugares, levando essa memória viva e sensibilizando diferentes públicos sobre a violência contra as mulheres.


Amana é um gesto poético e sensível de basta ao feminicídio e à violência que todas as mulheres vivem diariamente. A proposta intimista coloca intérpretes e espectadores em uma proximidade rara, criando uma sinergia única. A melhor crítica a Amana é a emoção que invariavelmente toma conta do público


No dia 25 de janeiro de 2020, Maria Glória Poltronieri, a Magó, bailarina e capoeirista, decidiu acampar sozinha em uma chácara próxima em Maringá, no Paraná. No meio da tarde, desceu para uma cachoeira e não voltou mais. No dia seguinte, sua irmã Ana Clara encontrou no corpo de Magó sinais de violência sexual e estrangulamento. O caso chocou o país e gerou mobilizações em mais de 17 cidades no Brasil, América Latina e Europa, com atos em repúdio ao feminicídio e em homenagem à memória de Magó.


Pouco tempo depois, Ana Clara reuniu forças e materiais para transformar seu luto em luta e homenagear a irmã. Convidou a premiada “atuadora” Tânia Farias para dirigir Amana, trazendo sua bagagem como atriz e diretora para criar, através da arte, uma memória viva e pulsante de Magó e uma reflexão potente sobre a cultura do estupro, o machismo e a violência de gênero.


Estreado em 2023, Amana teve seis dias de ingressos esgotados em Maringá, seguido por apresentações em Porto Alegre e no Teatro Centro da Terra, em São Paulo. Depois, circulou pelo noroeste do Paraná com dez apresentações via Lei Paulo Gustavo, chegando à 25ª exibição. Agora, percorre quatro estados com o apoio da Bolsa Funarte de Dança Klauss Vianna, incluindo São Paulo, onde se apresenta em 22 de março no Centro Cultural Olido.


A escolha de estados como Mato Grosso do Sul e Rondônia reforça o compromisso do projeto: foram os com maior índice de feminicídios em 2022. Mais que números, Amana leva a esses lugares a força da memória e o pedido de justiça – por Magó e por todos.


Em 2024, o espetáculo foi ovacionado no Festival Equilibri, em Bolonha, Itália. O público acompanhou em silêncio absoluto, seguido de quatro minutos de aplausos, evidenciando como a direção de Tânia Farias tem atravessado fronteiras com força e sensibilidade.


Magó, uma homenageada de Amana , teve uma trajetória marcante na dança em São Paulo. Atuou na Cia Carne Agonizante, de Sandro Borelli, e no NIC – Núcleo Improvisação em Contato, de Ricardo Neves. Trabalhou com artistas como Nita Little, Bruno Caverna, Vanessa Macedo, Mark Taylor e Victor Abreu, explorando dança contemporânea, educação somática e contato improvisação. Em 2017, fundou com Ana Clara a Cia Duo Due, voltada à pesquisa e criação em dança contemporânea, com atuação entre Maringá e São Paulo. Conhecida por sua abordagem multidisciplinar, a companhia usa o improviso como ferramenta essencial e acumula importantes prêmios e incentivos à dança no Brasil.


Por assessoria de imprensa.

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